29 de outubro de 2006

Refém de uma causa

“Desculpe, eu vim informá-los que vocês não poderão ficar neste hospital, pois o convênio médico não cobre este tipo de doença”. Foi com esta frieza que a representante de um dos quatro maiores convênios médicos do País disse para o tradutor e portador do vírus HIV Sérgio Tardelli e para a sua irmã, a jornalista Roseli Tardelli, que ele teria que deixar o hospital.

“Eu não acreditei quando aquela mulher disse aquilo. Eu não conseguia entender como uma pessoa podia ser tão desumana. Ela poderia ter me chamado para conversar fora do quarto, mas não. Ela preferiu dizer na frente do meu irmão”, lembra emocionada a jornalista.

Roseli mal sabia que isso era apenas o começo de uma luta sem fim contra uma doença que destrói sonhos e famílias e mata mais de 3 milhões de pessoas ao redor do mundo. Hoje, segundo a Agência de Notícias da Aids, 40 milhões de pessoas vivem com a doença.

Após lutas judiciais contra o convênio, Roseli e Sérgio conseguiram o que tanto sonhavam: garantir que os seguros-saúde e os convênios médicos cobrissem doenças pré-estabelecidas como a Aids. De acordo com a jornalista, na época o caso teve uma grande repercussão na mídia. “O Sérgio compareceu à primeira audiência e passou mal. O juiz viu e disponibilizou um sofá para que ele deitasse. Naquela época, ele estava muito magro e fraco. Pesava 38 quilos”.

Outro fator que contribuiu para a vitória em primeira e segunda instâncias foi “a solidariedade dos colegas jornalistas, que abriram espaço para que o tema fosse discutido, e a solidariedade dos ativistas, que passaram a discutir mais a questão. Por causa disso, nós conseguimos ganhar a causa. E, por incrível que pareça, também houve solidariedade e agilidade da Justiça”.

Apesar de terem vencido, uma questão ainda inquietava o tradutor. “Nós conseguimos, mas e os outros?”, se perguntava Sérgio.

A resposta veio, em maio de 2003, com a criação da Agência de Notícias da Aids. “A agência é a resposta para a pergunta que o meu irmão me fez, quando eu contei para ele que nós havíamos ganhado a causa. A nossa proposta é, justamente, mostrar que os outros também têm espaço para discutir a questão, os outros também podem colocar ações em prática; os outros também são humanos e têm que ter os seus direitos garantidos. Enfim, é uma resposta aos outros”.

Embora a jornalista tenha ficado abalada com a morte do irmão, em novembro de 1994, ela não desistiu e brigou para garantir espaço e credibilidade não só para a Agência de Notícias da Aids, mas também para as pessoas que vivem com o vírus HIV. “Quando uma pessoa morre com Aids, na situação em que o Sérgio morreu, fica muito difícil fazer de conta que não aconteceu nada”, diz Roseli. “Nós pegamos um momento da Aids no qual não se tinha o que fazer e, muito menos, para onde correr. Foi bastante difícil e me abalou muito, mas nós tínhamos que fazer algo. As pessoas precisavam se informar para se prevenir corretamente e também precisavam ter seus direitos garantidos”.

Hoje, a Agência de Notícias da Aids, que é especializada e tem como objetivos incentivar a mídia a falar mais sobre o assunto e estimular a prevenção, possui uma média de mais de 10 mil acessos diários. Todos os dias, o portal envia de três a quatro pautas para jornalistas de todo o País. No site, que é o http://www.agenciaaids.com.br/, o público tem acesso a notícias específicas sobre a Aids, artigos de especialistas, dados sobre a doença ao redor do mundo, uma lista com as datas dos principais eventos ligados ao tema, uma relação com as principais ONGs e títulos de livros sobre o tema.

Para quem pensa que o trabalho da agência é mais uma gota no oceano, Roseli, humildemente, provou o contrário. Por causa de uma matéria polêmica, a agência ganhou notoriedade, no Brasil e no mundo.

Em 2005, durante a realização do Fórum Aids: As Novas Descobertas e o Modelo Brasileiro de Assistência, o cientista e pesquisador norte-americano Robert Gallo, que se diz descobridor do vírus da Aids, apresentou a sua palestra desmerecendo o Programa Brasileiro de Combate à Aids. Intrigada com as declarações do cientista em relação ao programa, após a palestra Roseli Tardelli foi entrevistar o médico.

Durante a entrevista, a jornalista questionou Gallo. “Por que o senhor insiste em afirmar que o programa brasileiro é ruim? Sem ele, como as pessoas pobres terão acesso aos remédios?”, perguntou Roseli. “Com a maior falta de humanidade, o cientista respondeu ‘Poor people my ass’, que em português é nada mais nada menos do que pessoas pobres que se danem”.

De acordo com a jornalista, a matéria saiu nos principais jornais e portais do Brasil, como O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal Nacional, UOL e Ig, entre outros. Em decorrência disso, a histórica frase de Robert Gallo ultrapassou as fronteiras e ganhou o mundo. O resultado foi automático: vários ativistas manifestaram repúdio ao cientista e, em decorrência das pressões de ONGs internacionais, o pesquisador teve cancelado o convite para apresentar a palestra de abertura do Congresso Centro-Americano de HIV/Aids, realizado em novembro de 2005, em El Salvador.

Para a criadora da Agência de Notícias da Aids, a repercussão da matéria sobre o pesquisador é mais um exemplo de que o jornalismo social pode dar certo e que para que isso aconteça não importa se o veículo é pequeno ou grande. “Nós somos um site tão pequenino. Estamos aqui na Avenida Paulista, enquanto ele (Robert Gallo) está do outro lado do mundo. Eu fiquei muito feliz com o resultado da matéria. Não porque eu esteja brigando com ele, não é isso. Mas porque é isso que tem que acontecer. Tem que haver uma reação de indignação das pessoas, afinal, apesar dos problemas que o País tem, o nosso programa de combate à Aids é considerado o melhor”. Para ela, “o Brasil está dando certo porque construiu um a resposta cidadã. O mundo também pode construir esta resposta dentro das suas culturas”.

O papel do jornalista

Roseli, que já trabalhou na Folha de S. Paulo, no SBT e na TV Gazeta, além de ter sido a única mulher a apresentar o Roda Viva , da TV Cultura, por mais tempo (um ano e meio), acredita que temas como a Aids só terão maior destaque no noticiário a partir do momento em que os jornalistas tiverem um olhar mais crítico e diferenciado. “É preciso estimular discussões, como: para que serve o jornalismo? Quando vamos escrever, estamos defendendo o quê? Que interesse esta matéria tem para o público? É por meio de questionamentos como estes que os jornalistas vão desenvolver um papel social”.

A jornalista diz também que estas discussões só irão acontecer se as universidades começarem a estimular os estudantes. “Não sei se uma disciplina de jornalismo social seria eficiente. Talvez, o melhor seria que as faculdades estimulassem os estudantes de Jornalismo a compreender como as ações sociais são importantes. Isso poderia ser feito por meio de seminários e palestras, ou até mesmo com estudo e pesquisa de ações sociais que têm sido feitas por comunidades e ONGs”.

Ela conclui dizendo que não basta divulgar. “O papel do jornalista é muito mais do isso. Ele deve contribuir para que a sociedade seja mais crítica, mostrando que todos somos responsáveis e que soluções são possíveis, basta cada um estar atento e fazer a sua parte”.

Preconceito x Imprensa

Roseli Tardelli diz que, embora a imprensa nos anos 80 tenha se precipitado ao divulgar que a Aids estava limitada aos homossexuais, ainda há tempo de os jornalistas executarem o seu papel com seriedade e mais responsabilidade. “No começo, até por falta de conhecimento e pelo fato de a doença ser muito nova, nós erramos ao divulgar que a Aids era um câncer gay e uma peste gay. Talvez, se tivéssemos dito ‘somos todos vulneráveis’, a história teria sido diferente. Mas ainda está em tempo de a mídia se mostrar solidária à causa”.

Para a criadora da Agência de Notícias da Aids, uma forma de se fazer isso é criar cursos de capacitação para jornalistas para que eles possam cobrir o tema de forma correta. “Com isso, mais profissionais ficarão sensibilizados com o tema e as reportagens terão como tema central a prevenção”.

Um exemplo citado por Roseli é o curso do qual ela participou, na África, em 2005, em que vários jornalistas daquele continente puderam aprender como noticiar o tema. A idéia é fazer um intercâmbio de conhecimento, ou seja, no próximo ano, trazer estes jornalistas para conhecer como o assunto é abordado no Brasil.

Marketing x Responsabilidade social

Apesar de muitas empresas se envolverem nas causas sociais mais por uma questão de marketing, do que propriamente por ideais, para Roseli Tardelli toda ação vale a pena. “Mesmo que seja uma estratégia de marketing, como nós vivemos em um mundo com tanta desigualdade, qualquer trabalho social vale a pena. A partir do momento em que você está tentando ajudar o outro, ou seja, que não tem como lutar por si mesmo, sempre vale a pena”.

O Sonho

Instalada no coração de São Paulo – mais precisamente, na Avenida Paulista – a equipe da Agência de Notícias da Aids luta diariamente para se manter independente das dificuldades que uma agência pequena enfrenta. Roseli Tardelli quer dar continuidade ao sonho que começou com o irmão Sérgio e que hoje é a sua vida.

Ela vê no jornalismo social uma forma de viabilizar ações para contribuir para um mundo melhor. “Hoje, eu sou refém de uma causa e pretendo levar para o resto da minha vida esse projeto. Ele não vai me deixar rica. Isso nunca vai acontecer. É um projeto que tem de continuar por causa da importância que ele exerce dentro das redações. Não tem uma matéria grande em que não nos liguem para perguntar alguma coisa. Então, esse espaço que nós queríamos conquistar nós conquistamos e vamos fazer o máximo para dar continuidade a este sonho”.

20 de outubro de 2006

Jornalista a serviço do mundo

“Na volta do trabalho peguei um ônibus e percebi que o cobrador estava lendo a matéria que eu escrevi. Eu nunca tinha tido a dimensão da notícia. Neste momento eu entendi essa responsabilidade. E isso refletiu nas minhas escolhas”. É assim que o jornalista Fábio de Castro, um dos fundadores da Agência Repórter Social, conta como se envolveu com o jornalismo social. Castro acredita que o social permeia todas as outras editorias, isto é, pode ser feito um jornalismo socialmente responsável em qualquer área. “O social está na forma de fazer. É ouvir outras fontes além da oficial, que também deve ser ouvida, mas não a única”. É olhar sob um prisma diferente.

O jornalista, que nasceu em Santos, começou sua carreira no jornal Notícias Populares, em 1994, na editoria de Variedades. “O NP trabalhava no limite da ética jornalística e foi aí que comecei a tratar dessa questão. Depois, eu concluí que ela não estava dissociada. A responsabilidade social do jornalismo fazia parte da ética da profissão”.

Segundo Castro, o NP tinha um lado social. Por exemplo, as matérias de economia falavam de Previdência Social. “Nisso fui tendo contato com a linguagem social, que mostrava uma realidade mais verdadeira. Eu escrevia para moradores da periferia, gente que vive o dia-a-dia no limite”. Depois dessa experiência, o jornalista percebeu que não conseguiria ignorar esse lado.

Experiência

Fazer um jornalismo engajado implica ir a lugares onde a maioria dos jornalistas não vão. Fábio de Castro fez uma reportagem sobre ensino noturno e para isso visitou a periferia de São Paulo. “Falei com fontes do governo, sindicalistas, enfim, diversas pessoas de vários segmentos da sociedade. Mas, a maior diferença eu vi quando fui visitar uma escola no bairro do Grajaú, zona sul de São Paulo”. O Grajaú é um dos bairros mais violentos da Capital. Ao chegar lá, o jornalista percebeu o contraste com o bairro onde mora. “O lugar é muito degradado, populoso e movimentado”. A escola que visitou tinha vista para uma favela. “Não há contato nenhum com essa outra parte de São Paulo. O bairro tem várias histórias absurdas de pobreza e dificuldade”. O problema, para ele, está em ignorar esta outra parte de São Paulo. “O contraste social é gritante, as pessoas que estão aqui não têm noção do que tem do lado de lá. Há segregação, a periferia é separada da classe média. Não tem como dar certo uma sociedade na qual um pedaço ignora o outro”.

Esse é um dos papéis do jornalista, diz Castro, mostrar a realidade que alguns não vêem. “É uma mediação, um esforço de ao menos tornar conhecida a existência de ambas as partes que se ignoram”. É dar espaço para pessoas que não são fontes oficiais contar suas histórias e experiência de vida. “Outro dia entrevistei uma moradora de rua. Ela chegou do meu lado, enquanto eu entrevistava um dos líderes da ocupação na Prestes Maia, e falou ‘sou moradora de rua’. Eu liguei o gravador e disse ‘me conta sua história, seu cotidiano’. Isso pode não dizer muito para algumas pessoas, mas ela me explicou a rotina de muita gente na mesma situação. É uma história humana”.

Conseqüências

Um exemplo de matéria que produziu conseqüências imediatas foi sobre a Febem, elaborada pela Agência Repórter Social. “Entrevistamos um funcionário da Febem, que afirmou: ‘O diretor mandou bater, a gente bate’. A reação foi imediata. O Ministério Público pediu todo o material que apuramos, porque eles estavam abrindo uma sindicância com base nas denúncias da matéria”. Esta reportagem foi indicada para o Prêmio Caixa de Jornalismo Social.

O jornalista acredita que as matérias causam uma reação, que pode ser indignação nas pessoas, ou medidas por parte das autoridades. Ele cita como exemplo a ocupação na Avenida Prestes Maia, no Centro de São Paulo. “Chegou a um ponto crítico e ela seria invadida pela polícia. A imprensa se mobilizou. Isso com certeza isso influenciou o cancelamento da invasão”. Com matérias publicadas sobre o assunto, o governo municipal ficou sabendo que o Movimento dos Sem-Teto estava informado, sabia quem era quem no governo, quem mandaria a tropa de choque. “Isso deve ter feito o responsável refletir e decidir segurar. Com certeza foi com ajuda da imprensa”.

Para Castro, o jornalista faz papel de ponte entre a sociedade e as autoridades. “As autoridades não têm contato com as pessoas, passam no máximo em um carro blindado para olhar a periferia. Nós jornalistas temos contato, fazemos esta mediação social entre governo e população ou movimento social”.

O profissional de imprensa tem um trânsito social muito amplo, o que não é possível em quase nenhuma outra profissão. “Na mesma tarde entrevistei um morador de rua, o presidente da CDHU e alguns empresários. É interessante ver como cada um não tem noção do que o outro está falando. Você menciona, durante a entrevista, ‘falei com o líder do movimento tal e ele disse isso’ e o outro responde ‘é exatamente isso que estou buscando’. Eles concordam e pensam a mesma coisa, só que não falam a mesma língua. É aí que entra o jornalista. Dá para mudar alguma coisa com o nosso trabalho”.

Espaço

Na opinião do jornalista, matérias de cunho social não têm muito espaço. “Até estão presentes na grande mídia. Mas o espaço é reduzido”. Isso ocorre porque há conflito com a lógica de mercado dos jornais, segundo Castro. “Eles querem vender jornal e quem compra jornal é quem tem dinheiro, e quem tem dinheiro não quer saber de movimentos sociais e coisas do gênero”.

Outro fator são as fontes. “Pela experiência prática, as matérias sociais publicadas têm somente fontes oficiais. As fontes ligadas aos movimentos sociais quase nunca são usadas. Também as fontes ligadas a universidades têm produção de relevância social, mas não são exploradas como deveriam”.

Para Castro, a área social tem espaço potencial, mas falta vontade nos meios de comunicação. “Chega tanto material na agência que penso como ele não está nas capas”. A Agência Repórter Social envia diariamente, por e-mail, a Agenda da Cidadania com os eventos na área social, como modo de estimular a cobertura nessa área. “Quando vamos cobrir os eventos, constatamos que não têm jornalistas. Uma vez fui cobrir o lançamento de um livro que traçou o perfil da saúde no Estado de São Paulo, com dados específicos sobre diversos assuntos. Cada gráfico era uma pauta, uma grande reportagem, e só tinha eu de jornalista”.

Mudança da mídia

Para melhorar a cobertura de temas sociais, deve-se começar pelo profissional, pela sua formação, acredita Fábio de Castro. “Ele tem que ter uma noção maior do que é sua profissão, que vai muito além de um propagador de grandes espetáculos midiáticos. Se o jornalista for formado com uma dimensão da sua função, já é meio caminho andado para melhorar a cobertura das questões sociais”.

Um dos motivos para fundar a agência foi a falta de cobertura de qualidade nos eventos sociais, diz Castro. “Os eventos eram cobertos pelas próprias ONGs, ou seja não eram jornalistas. Ou então eram pessoas engajadas e de esquerda, que é um jornalismo menos isento. O jornalismo social não é necessariamente de esquerda, pode até ser de esquerda, mas sem viés ideológico. Não importa se sou de esquerda ou não”.

Um meio que ajuda a difundir e fortalecer a área social é a Internet, que possibilita a mobilização das pessoas. “A Internet foi um dos condicionantes para a consolidação da agência. Facilita todo o processo, forma-se uma rede e todos são facilmente encontrados. No início não levamos muito a sério o site, mas vimos pelo número de acessos que tinha bastante gente ligada nele”.

Definição de jornalismo social

O jornalismo social é, muitas vezes, usado entre aspas, como um neologismo. Não há um conceito definido do mesmo jeito que existe para o cultural, o econômico, o esportivo. “Acredito que todos estão interligados. No site temos 16 editorias. Na editoria de economia, por exemplo, não faríamos uma matéria sobre taxa selic, mas faríamos uma sobre crédito solidário. Quer dizer, o foco é diferente, mas não deixa de ser economia”.

O que caracteriza o jornalismo social é a forma como é feito, não o tema escolhido. “É um modo de fazer, colocando sempre em primeiro plano a aproximação dos temas com a população. Entrevistar um cientista, mas tratar de um tema que faça diferença na vida das pessoas. Esse seria o sentido mais amplo”. O jornalismo social seria (ou deveria ser) aquele que cobre temas de relevância social. “Podem argumentar que todo tema tem relevância, mas as questões sociais, os problemas que vemos não é o que lemos nas páginas dos jornais”.

Formação

O santista Fábio de Castro cursou Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, entre 1990 e 1996. “Eu parava e voltava, mas achei extremamente positivo, consegui aproveitar muito do que a faculdade me oferecia”. Para complementar, cursou Filosofia, também na USP, de 1997 a 1999, mas parou porque não conseguia conciliar com suas atividades profissionais. “O curso foi muito importante para eu desenvolver jeitos diferentes de pensar. Estava trabalhando com jornalismo e fazendo Filosofia. Com isso eu refletia sobre minha profissão”.

Em 2000, Castro trabalhava no site da OAB e na Agência Reuters quando resolveu fazer mestrado. “Mandei um projeto para França, para um curso que me interessou, e passei. Optei por largar tudo e ir para lá estudar por um ano. Voltei para o Brasil e fiz uma pós latu senso de Jornalismo Científico na Unicamp, porque acredito que a ciência é um campo social importante”.

Ao terminar a pós, Castro se desanimou com o jornalismo e decidiu se reunir com alguns amigos com ideais comuns e fundar seu próprio meio, para fazer um jornalismo socialmente responsável. “Fundamos a agência em 2004. Atualmente são cinco jornalistas na agência. Fomos indicados em alguns prêmios, como o Caixa de Jornalismo Social de 2003, e tivemos menção honrosa no Vladimir Herzog de 2004”.

19 de outubro de 2006

A Serviço da Sociedade



A revista Mídia Social procura mostrar o engajamento social de jornalistas, em diversos meios de comunicação. Por meio de entrevistas, revelamos a trajetória destes profissionais que se envolvem com temas do terceiro setor e direitos humanos, procurando retratar os fatos sob a ótica do cidadão.

Ao contar as histórias dos repórteres que tentam mudar a situação social brasileira é um modo de incentivar a prática de um jornalismo mais democrático e socialmente responsável, no qual o cidadão se sinta representado de fato.

Embora a área social tenha um grande potencial a ser explorado, devido à diversidade de pautas, o espaço dado a ela não é compatível com sua importância. A imprensa brasileira ainda cobre de modo insuficiente este segmento, que sequer tem editoria especifica nos jornais. Pensando nisso, a revista Mídia Social pretende difundir a prática do jornalismo social e incentivar a reflexão sobre o que ele significa.

A palavra mídia é utilizada para designar os veículos de comunicação, no seu conjunto ou em particular. Para o professor inglês Roger Silverstone, a mídia é muito mais que empresas de comunicação e os profissionais que trabalham nelas. Ela poderia ser definida, segundo ele, a partir do ponto de vista da audiência, ou seja, dos cidadãos. O social é aquilo que é relativo à sociedade, às relações estabelecidas entre homens de uma comunidade, muitas vezes marcadas por desigualdades. Assim, juntando a mídia com o social podemos fazer um jornalismo capaz de trazer conseqüências positivas para a sociedade.

As editoras,

Bianca Pyl e Michelle Barreto